RAMADAN: Pelo que li na edição de hoje do Público, o intelectual muçulmano Tariq Ramadan terá escrito umas considerações negativas sobre alguns intelectuais franceses, "...ao verem em qualquer crítica feita a Israel uma nova forma de judeofobia." Acrescentou que esses mesmos intelectuais se posicionam como "...defensores de Israel." As reacções dos ditos intelectuais, como Bernard-Henry Lévy, foi de apelar aos altermundialistas ao boicote a Ramadan. Foi ainda denunciado como um anti-semita e vai-lhe ser intentado um processo por incitação ao ódio racial.
Confesso que não conheço outros "pensamentos" de Ramadan mas, tomando como referência apenas o que vem no jornal e abstraindo da questão de fundo, parece-me que:
- o boicote ao filósofo Ramadan com base em afirmações como as que o jornal transcreve é coisa digna de um ayatolah empedernido;
- parece que Ramadan tem razão, i.e. qualquer crítica a Israel é logo anti-semitismo e, mais grave
- este género de reacções acabam por ser tão extremadas como aquelas que, alegadamente pelo mesmo motivo, se pretende atacar. Repito que não conheço minimamente o senhor Ramadan mas, assumindo que é um filósofo que vive na legalidade, não terá ele (e aqueles que pensam como ele) direito a respostas racionais às suas interpelações? Não poderá ele ser contrariado no plano das ideias, dos argumentos racionais? Estranho.
Penso que o "argumento" do anti-semitismo para toda e qualquer situação de crítica a Israel é o "argumento" que melhor serve os fundamentalistas muçulmanos.
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