SILÊNCIO: JPP, na SIC e a milionésima referência a Nabokov, quando se fala de pedofilia. Eu, como muitos colegas meus, de diferentes formações, nesta vida de ouvir a vida dos outros, tenho uma pequena colecção de casos de abuso sexual de menores, alguns muito menores e muito pouco nabokovianos. Simpatizo no entanto com o combate à estupidez, que parece já reinar, que pretende ver um pedófilo em cada um que se enrola com um menor. Talvez defeito profissional, estabeleço uma considerável diferença entre uma relação sexual envolvendo um rapaz ou uma rapariga de 16, 15 ou até 14 anos, e outras que envolvem crianças pequenas. Na minha colecção, curiosamente, é um outro tipo de menores que predomina: os deficientes, vulgarmente falando, que podem ser Sindromas de Down, psicoses deficitárias, sequelas de anoxias neo-natais, etc.
O tio ou vizinho que molesta e penetra sexualmente estes deficientes, por vezes cronológicamente adultos, na minha colecção, está sempre protegido. E não é por qualquer cabala ( termo estúpidamente desadequado) ou ineficácia policial: é pelo silêncio envergonhado da família. Ainda hoje não consigo, na sua modalidade heurística, aceitar as razões destes silêncios. Mas pelos vistos, são eficazes.
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