SOBE E DESCE (mas subirá porquê?...): Abro o Público e lá encontro a carinha do homem, toda sorridente, no topo da coluna do “sobe e desce”; o que será, que eu não dei por nada? Ao que parece, o Público destaca positivamente o PR por ele ter dito que ouvia comentar a descolonização mas não ouvia comentar a guerra e por ter feito críticas às sucessivas revisões de fundo da Constituição (CRP), chegando até a fazer comparações com o que acontecia em Espanha. A gente lê cada coisa nos jornais... Que interesse poderão ter tido estas duas intervenções do PR? Que benefício trarão? O que tiveram de positivo que justificasse a sua posição naquela coluna?
Não saberá o Público que o PR já deu sobejas provas de que está sempre pronto a vir a terreiro (ou à televisão) defender os amigos em situação difícil? Não vê que estas intervenções são só para desculpabilizar os seus amigos que fizeram a descolonização e a Constituição de 76?
O Público é jornal com pergaminhos suficientes para saber que o PR é como é e, ao mesmo tempo, para saber que a nossa CRP teve e tem de ser constantemente melhorada e expurgada daquela panóplia de comunistices com que foi atafulhada até ao pescoço em 76. Que o nosso PR não queira reconhecer que aquela CRP de 76 foi das piores coisinhas que se fizeram e que não queira ver aquilo mudado, é uma coisa; outra bem diferente e que me surpreende é que o Público venha aplaudir o PR neste ponto.
Tivéssemos nós conseguido evitar a infiltração total dos manuais de esquerda na CRP e talvez não houvesse necessidade de a alterar tantas vezes, como acontece em Espanha.
A outra frase ainda é mais desprovida de sentido. A que propósito é para aqui chamada agora a Guerra Colonial? O que é que isso tem a ver com as calças? O que interessa isso? Não perceberá o Público que essa frase do PR só serve para afastar as atenções daqueles seus amigos que fizeram, negociaram e montaram a pior descolonização de sempre? Não compreende o Público quando lhe estão a atirar areia às pazadas para os olhos? Desconhecerá o Público que a descolonização efectuada há 30 anos condenou à guerra e à morte uma quantidade infinitamente superior de vidas do que aquelas que se perderam durante a chamada Guerra Colonial? Que ainda hoje as populações sofrem? Que a descolonização abandonou os portugueses à sua sorte, primeiro nas províncias e depois no continente?
E, por fim, não percebe o Público que o PR, pela segunda vez em poucos meses, pretendeu determinar as questões sobre as quais a população deve ou não falar? Curiosamente, nunca quer que se fale dos seus amigos. Eu até o compreendo, com amigos assim...
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