TUMULTOS NA DAMAIA: O Paulo Gorjão do Bloguítica e o Católico de Direita (links na coluna habitual), trocaram uma interessante mas ácida, série de argumentos a propósito do racismo. Incluo todos os anos o tema no plano curricular da cadeira de Psicologia Social que lecciono, e fico por norma atento às discussões, pois que estou longe de ser um especialista no assunto. Entre muitos aspectos, a especificidade dos países ex-coloniais, tem que se lhe diga. Recorda-se o Paulo, do jogo de futebol Portugal-Angola realizado em Alvalade há cerca de três anos? Um país como Portugal, que colonizou com a Lei do Indigenato ( malgré Adriano Moreira) era igualmente desconfiado dos seus colonos brancos. Portugal é um país inevitavelmente racista, pois que o tempo que passou desde a perda abrupta das suas colónias africanas ainda é curto. Este racismo post-colonial não é o mesmo que outros ( o encoberto por questões religiosas, como na ex-Jugoslávia, ou territoriais, como no Ruanda), é um racismo clássico na sua matriz imperial e Quinhentista. Regressando à Terra, o domínio efectivo do solo longínquo, legitimava a superioridade do branco ocidental sobre os seus súbditos, negros ou não, como no caso da Guerra dos Boers. Mas os negros que nos habitam, hoje, vivem pobres e os seus países ainda são pobres: a continuação, agora post-colonial, do sentimento de superioridade é inevitavel. Por isso muitas campanhas do género todos diferentes, todos iguais são absolutamente inócuas; O racismo post-colonial exibe a sua marca d'água não só na diferença antropomórfica, mas na superioridade civilizacional e no despeito e na nostalgia pelo domínio perdido.
Se puder, voltarei ao tema.
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