UMA PETITE HISTOIRE DE CUNHAL: Corria o ano de 1996, eu e o meu amigo Zé Cardoso, hoje produtor de bandas de Coimbra, tivemos uma ideia: fazer uma revista. Era um projecto igual a tantos outros, e para o primeiro número resolvemos contar entre outras coisas, com um dossier sobre Ortega y Gasset e um artigo de...Cunhal.
Com a inestimável ajuda do meu primo Jorge Gouveia Monteiro, escrevemos ao senhor, e um belo dia, Cunhal telefona-me para casa, para espanto da minha mulher, e marca uma entrevista. Assim foi, assim nos encontramos na sede do PCP, ás 3 da tarde, na rua da Sofia, em Coimbra. O Zé Cardoso tremia que nem varas verdes, ( na altura era vermelho) eu nem por isso, fruto de um à vontade meio insano que herdei da minha mãe. Durante a conversa, Cunhal, educado e atencioso, só se preocupou com duas coisas: pôr à nossa disposição os serviços do partido em matéria de grafismo e experiência redactorial, e sarrazinar-me a cabeça para saber porque raio me interessava por Gasset. Retenho uma resposta de Cunhal quando a certa altura lhe perguntei se não temia o óbvio, ou seja, a extinção do PCP, perante a mudança estrutural da sua tradicional base do apoio, o proletariado e o campesinato: Não.
O que conclui da experiência, foi que estive uma hora diante de um extraordinário profissional. Tão profissional, que quase passava por amador.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.