Almanaque das Intoxicações VII: O melhor modelo até hoje adoptado para o controlo do consumo de opiáceos foi o do anos vinte do século passado. Nos EUA, os consumidores eram cadastrados e sob supervisão médica era-lhes dispensada a heroína e a morfina que necessitavam. Por outro lado, sobretudo a partir da conferências de Haia (1912) e de Xangai (1909), estabeleceram-se esforços no sentido da controlar a produção mundial. Nessa altura, claro que o número de consumidores era insignificante quando comparado o actual. Mas vários factores e uma longa história, impossível de aqui contar, a não ser aos soluços, invibializaram esta política, realista e humana.
Hoje os tempos são outros, e a newsletter do UNODC ( gabinete da ONU para as Drogas e Crime) do passado mês, dava conta de algumas evoluções, tímidas, no Afeganistão. Em Nagahar, distrito de Surkhrod, os agricultores acabaram com 1500 ha de papaver somniferum. Mas avisaram: "sem a vossa ajuda (Ocidente) para modernizar as infra-estruturas agrícolas (leia-se retenção de água, ou seja, barragens), continuaremos a ter inundações na Primavera e secas no Verão". Ou seja, voltar-se-ão de novo para a cultura sazonal e rápida do ópio.
Claro que nada disto interessa a quem julga possuir, na ponta da língua ou da caneta, "soluções" para o "flagelo"
PS:outras edições deste almanaque podem ser consultadas nos arquivos do Mar salgado
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