AROMAS DE URZE E DE LAMA: O marulhar arrasta a banquisa, e assim esta semana traz ecos de cheiro limpo. Já se fala, à direita, da despenalização do aborto, o que se bem me recordo do que li e que actualizei, mas que o nosso P.C. corrigirá, significará a substituição da pena de prisão por outras sanções criminais não detentivas. Não se trata ainda de descriminalizar, o que acontece quando o Estado renuncia ao controlo da conduta, que deixa de ser considerada negativa ou indesejável, e alarga as margens de tolerância; ou, quando mantendo-se o juízo de indesejabilidade sobre a conduta, o Estado procura alternativas de controlo mais eficazes do que as oferecidas pelo sistema penal.
A mesma direita esclerosada que em tempos já rosnou contra a venda de contraceptivos (sem ovo fecundado, ou zigoto ao barulho) e pôs os homossexuais no armário, terá de engolir mais um sapo. Caberá depois à esquerda, tão preocupada com a vida das mulheres, desenvolver "mecanismos e projectos" que não resumam a dignidade humana à pílula do dia seguinte.
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