CIDADE DE DEUS: Ontem revisitei este filme, que foi sem dúvida um dos melhores que vi nos últimos anos, sem qualquer favor ou condescendência habitualmente dispensados a filmes não-americanos. E, este filme, capta como nenhum outro os resultados de uma situação social totalmente degradada, seja pelo lado económico seja (et pour cause) pela ausência de valores que devem presidir à vida em comunidade. Por um lado, o personagem principal que tenta passar ao lado da violência que o rodeia mas que, ao verificar que a sua vida não progride, um belo dia também sucumbe à tentação e arma-se de um revólver para perpetrar um assalto (que acaba por não concretizar) - nem as pessoas de bem são imunes à realidade que as rodeia, por mais contrária que esta se apresente à sua natureza. Por outro lado, as restantes pessoas que vivem e convivem na violência e cujo lema pode traduzir-se numa afirmação produzida por uma criança que tenta entrar para um dos gangs: qualquer coisa como "quero roubar, matar e ser respeitado" - assimilando desde tenra idade que esse respeito dificilmente será obtido de outra forma.
O brutal realismo deste filme sugere-nos uma profunda reflexão, se pensarmos na progressiva degradação de valores a que assistimos na sociedade portuguesa.
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