MULHER BARBUDA: Lembro-me de ver anunciada a sua exibição, num circo, aquando da minha adolescência. Imediatamente substituiu o famoso homem do saco no meu imaginário dos seres mais sinistros e ruins. Desde sempre, evitei qualquer situação susceptível de criar contacto visual com aquela criatura, nomeadamente, afastando-se dos circos e também de algumas praias da nossa costa.
Hoje, ao fim de tantos anos, encontrei a mulher barbuda, ao volante do seu táxi em Gaia. Simpática q.b. mas também implacável para com automobilistas menos atilados. Compensei com uma boa gorja todos aqueles anos em que lhe devotei algum horror, afinal apenas justificado no que toca à sua imagem.
À medida que crescemos, a realidade toma o seu lugar e as velhas assombrações da infância que nos assustavam vão-se desvanescendo e transformando em remotos e simpáticos fantasmas. Em contrapartida, certas pessoas reais que aprendemos a respeitar descambam no destino mais inesperado e surrealista.
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