«NINGUÉM ME LIGA! NINGUÉM ME LIGA!...»: Olha-se para o Expresso, logo na primeira página, e lê-se que Manuel Monteiro não foi convidado para a homenagem a Sá Carneiro e a Amaro da Costa. Enjoados, viramos o jornal e vemos, na última página, que MM voltou a escrever a Durão Barroso e que ainda não teve qualquer resposta. Parece que estou a ver a cena, no momento em que o funcionário da residência oficial do Primeiro-Ministro lhe entrega o correio diário: «(…), e este último monte, Sr. Primeiro-Ministro, são os diversos folhetos publicitários e mais uma carta daquele senhor que assina com uma andorinha. Diz-me o Arnaldo, do portão norte, que esse senhor, sempre que passa na rua, pendura-se uns bons dez minutos na campainha, Sr. Primeiro-Ministro. Devíamos fazer alguma coisa…» Um pouco mais a sério, confesso que percebo mal o que poderá mover alguém para o levar a aparecer sempre aos pulinhos, em bicos de pés, a alardear aos quatro ventos que é ignorado ou que ninguém lhe liga. A ser verdade que ninguém lhe liga - o que eu admito ser completamente verdade - um mínimo de pudor (para já não falar em bom senso) levaria a que se tentasse esquecer ou esconder a ofensa, mas não: MM insiste em dizer a toda a gente que não é considerado nem respeitado. Tudo bem, há casos clínicos piores...
Mais tarde, a coisa justificou-se parcialmente, com declarações à TSF: dizia MM que, sem querer acusar pessoalmente ninguém (claro, claro…), deveria haver alguma pessoa no Governo que manietava Durão Barroso, que mandava nele, que lhe dava ordens, que o impedia ou proibia de responder às inúmeras cartas que MM lhe enviava.
É completamente evidente para todos que MM pretendia dizer que Paulo Portas «mandaria» em Durão Barroso e que, com isso, tentava destabilizar a coligação.
Agora percebo melhor a triste figura: MM não se importa de aparecer aos olhos de toda a gente como alguém que não é considerado, respeitado, convidado ou respondido se isso lhe der possibilidade de tentar fragilizar o governo de coligação. Mas a táctica utilizada é tão infantil que até este PS (ao fim de bastante tempo, é certo) já compreendeu que não valia a pena utilizá-la, dado que ela não fazia sequer estremecer a coligação. Esta sabe bem que aquela é uma das armas preferidas de uma oposição pouco astuta e em permanentes crises. Com efeito, já só mesmo o Bloco de Esquerda insistia nesta tecla gasta, agora acompanhado (e bem) pelo PND. Excelente! Se os arremessos da oposição continuarem a ser apenas estes, as coisas irão bem para o governo e para o país.
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