O TEMPO SOBRE AS COISAS:Vital Moreira, no Causa Nossa (link só na coluna da direita por ineficácia do meu Mac), alinha três reflexões sobre Coimbra: a da Capital da Cultura, a do êxodo dos quadros universitários que forma, e a da Universidade que forma cientistas e não políticos. Básicamente, estatui que a Capital da Cultura correu bem, que os coimbrinhas emigrados ( referindo-se aos meus companheiros de blogue NMP e VLX) têm saudade da terra, e que Canotilho é um exemplo da fornada científica coimbrã por oposição à Lisboa parideira de quadros políticos. Vejamos um ou dois aspectos.
Tendo nascido e estudado em Coimbra, mal me licenciei pus-me a milhas e fui estudar para fora do país, o que fez de mim, por breves instantes um coimbrinha emigrado. Tive saudades dos amigos, da minha casa, dos meus irmãos, mas não da Coimbra Universitária dos lentes pomposos, dos alunos de cabeça baixa e boné na mão, das faculdades quase sempre fechadas à noite, sem debates, sem conferências, sem vida. Não sei se Coimbra forma cientistas por oposição a Lisboa, mas sei que Coimbra sofre de um padecimento cruel: tem saudades, mas dela própria, de um tempo em que foi primaz.
Esta nostalgia de soi-même nota-se noutros territórios culturais da cidade, como no desporto: A Académica está há muito como o refrão do Vitor Espadinha, são tudo recordações. Mas na Universidade, julgo que as faculdades de Direito e de Medicina repartem a responsabilidade pela nostalgia. Durante muito tempo, estes eram "cursos", os outros "recursos", este dichote significando o desprezo a que a ciência & tecnologia era votada, não tanto na distribuição de estipêndios, antes na simbologia comunicacional do prestígio.
Percebo o siginificado para Vital Moreira do prémio atribuido a Canotilho, e do sucesso da Capital da Cultura. Mas parece-me que a modernização da Universidade, e por inevitável abraço de Morfeu, da cidade, passará por mais qualquer coisa. Mais sólida, menos transitória.
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