SOARES ERA FIXE, e para mim continua a ser, apesar de achar que nos últimos tempos, e sobre política internacional, disse muitos disparates. Mas como nunca vi nele o bochechas, mas um político severo, não me impressionei por ai além: um homem tem direito a subordinar a sua subjectividade aos ciclos de vida.
O que já me parece estranho é o discurso de Soares no caso Casa Pia. Ainda hoje, ele vai dizer na SIC-Notícias, a propósito da recente demissão no Governo Regional açoriano, que há três anos houve uma coisa parecida na Madeira, pior porque até morreu uma criança, e nunca se soube de nada, não se investigou. Uma coisa parecida com quê? Não se soube, então o que ele sabe? De que fala Soares? Não sei, mas uma coisa é óbvia: Soares está uma vez mais a insinuar que nestas "coisas" os tribunais, a PJ, a Procuradoria, o MP, têm uma bitola diferente consoante se trata do PS ou do PSD, favorecendo claramente este último.
Mário Soares tem um estatuto que lhe permite e obriga a ser claro, directo e frontal, pelo menos quando traça cenários que minam o Estado e a Democracia. Mas se ele diz estas coisas e ninguém o confronta, das duas uma: ou há alguma verdade no que ele diz, o que é muito grave, ou então já ninguém lhe liga pevide, o que é uma pena.
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