TEA & TOASTS: O meu companheiro de tripiluação VLX não se importará, dado a inocuidade da matéria, que eu publicite uma sua vitória recente: o fim dos jantares familiares de Domingo à base de chá e torradas. Este regozijo delicioso do VLX, ainda que simples, encerra um mundo tão frágil quanto necessário: o equilíbrio familiar.
Estamos quase no Natal, altura em que para lá dos desafortunados da vida e dos doentes, uma outra espécie sente incómodo. Falo daqueles que rangem os dentes contra a hipocrisia das reuniões familiares, contra a obrigação de consumir, contra o Pai Natal inventado pela Coca-Cola e por aì fora. Esta altura recorda-lhes o que não conseguiram manter ou construir, é um tempo fresco, demasiado fresco.
A família tradicional, carregada de raivas e alianças seculares, é no entanto um espaço que obriga o sujeito a reconhecer duas coisas: que foi amado e que sabe amar. Obriga o sujeito a re-conhecer a sua história, despoja-o da ilusão narcísica fundamental: fiz-me a mim mesmo. Canteiro florido infestado de tragédias daninhas, a família contém nutrientes essenciais ao mui heideggeriano estar-no-mundo, pois que o sujeito assalta a profecia. Negociando, refreando-se, mentindo e sossegando, apercebe-se que a sua história só tem sentido perante a história dos outros; Assim como a solidariedade, o respeito e o amor.
Cães e crianças, mães e irmãos, chá e torradas, pinheirinhos enfeitados e sapos engolidos é o que nos prepara para a solidão. Para a insuportável solidão de sermos um ponto do círculo. Como o VLX, estaremos também melhor preparados para aceitar a solidão do outro; do que está-(só)no-mundo.
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