UMA LANÇA EM ESPANHA: Quando o nosso Comandante nos chamou a todos ao convés e nos ditou as regras da embarcação ("não roubarás a chave da arrecadação do rum, não trarás mulheres para bordo, não falarás de futebol..."), não estava seguramente a pensar em proibir que se falasse de feitos únicos no futebol português. Certamente que se referiria apenas aos constantes costumes de guerrilha clubística, mas não àquelas exibições de uma equipa que enchem de orgulho toda uma nação.
Daí que me possa unir a todo o país no louvor do que aconteceu esta semana em Madrid: pela primeira vez na História do Futebol Português, uma equipa nacional não perdeu ali pontos, antes pontuou.
Dirão os maiores defensores da unidade ibérica que o Real Madrid não foi um adversário tão coriáceo e aguerrido como terão sido o Molde, o La Trouvette ou aquele clube Turco, cujo nome agora me escapa mas que rima com “pai babado a brincar com o bebé recém-nascido”. Talvez não. Mas a verdade é que ninguém gosta de perder e que pela primeira vez um clube português entrou e saiu de Madrid de cabeça levantada. Isto, numa altura em que o nosso PR - certamente animado de boas intenções mas que não deixam de nos envergonhar ligeiramente - se queixa por todo o lado, no meio de grandes lamurias, de “não conseguirmos entrar em Espanha”. O acontecimento não pode deixar de consistir numa honrosa manifestação de Portugal que devemos sublinhar. E ninguém me pode acusar de favorecer um clube do qual nem falei.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.