URPFLANZE: Duas coisas me fascinam na esquerda inteligente: a selectividade da agenda e a capacidade adaptativa. A primeira, está muda e queda, como o Tibete massacrado pelos chineses há mais de 40 anos ou os mortos seculares da Kilo.5, em Cuba. A segunda julgo que retoma uma conceito caro a Goethe, a Urpflanze, a que ele alude tanto na Viagem a Itália como na Metamorfose das Plantas. A fantasia que Goethe trasmite a Herder, numa carta enviada a 25 de Março de 1787, desde Palermo, consistia na descoberta de uma unidade primordial, que seria capaz de dar forma a tudo o que existe de vivo sobre a terra. A Urpflanze seria a metamorfose da folha, uma espécie de matriz ou forma-Proteu, que se exprime sempre em cada planta, independentemente das fases do seu crescimento: uma posição nodal que origina e regula diferentes espécies de formas.
Assim me recorda a esquerda urbana e civilizada, supremamente adaptada à velha fantasia do filho de Weimar: a Urpflanze é a América, melhor, quem a América derrotou: a utopia socialista. A America é vista então como a posição nodal face ao qual todo o mal se configura como unidade presente, de uma forma ou de outra, em todos os processos neoplásicos ou gangrenosos da vida dos povos.
Faz assim todo o sentido que os EUA sejam julgados na mesma sala do que Saddam. Pelo menos tanto quanto teria feito, a Inquisição ou os acusadores de Dreyfus, terem sido também julgados em Nuremberga: o mal vinha detrás. Ou que os Aliados também tivessem sentado o rabinho no banco dos réus, ou julgam que foi a Itália e o Japão, quem forneceu a Hitler, entre 1933 e até ao boicote de 1938, a tecnologia, as matérias primas e o savoir-faire necessário ao fabrico dos Panzers, das Lugers e dos Stukas?
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