NOITE BRANCA: A alvura da neve que tudo cobre lembra-nos que, por vezes, a beleza singular está no que é indistinto. Na ausência de cor que dá brilho às formas. Com a ajuda da orgulhosa e resistente Lua uma luz intensa ilumina a noite clara. Serena, intromete-se por janelas e frinjas. Tudo embeleza, abençoa, limpa.
Noites assim são tempo de conversas íntimas com os nossos fantasmas, os que já partiram e os que connosco partilham todas as horas.
Serões destes são insubstituíveis. Convocamos amores, ódios, alegrias e tristezas. Momentos de euforia, tempos de desespero. Perseguimos razões, motivos, explicações. Em vão, porque o que buscamos está onde sempre esteve e depende apenas de nós.
Inventamos memórias através do talento de outros companheiros de exílio.
Percebemos cristalinamente o que nos têm dito: para valorizar a vida, superar a ausência, ultrapassar a dor é necessário aprender a gostar de estar só.
É uma noite em branco. Branca. Perfeita.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.