SOBRE OS TÊXTEIS EM GERAL E AS RISCAS EM PARTICULAR: Como defrontar um adversário que se equipa de riscas verdes e brancas? Que significam essas riscas?
Ocorre-me logo a relação metafórica-geométrica entre as riscas horizontais da fatiota dos presidários e as riscas verticais das barras da prisão. Prado Coelho diria até que a risca horizontal do presidiário desconstroi derridaniamente o espaço mental da clausura, que por sua vez dilui meta-comunicacionalmente a vivência temporal do prisioneiro. Enfim...
O que interessa é que toda a gente sabe que riscas horizontais, embora com outras cores, são sinónimo de obstáculo: nos sinais de trânsito, nas passagens de nível, na sinalização fluvial, etc.
Mas riscar significa também, tanto na língua portuguesa como na francesa, cortar, suprimir, por ex., o nome de alguém numa lista de convidados de uma festa. Em alemão existe uma semelhança apreciável entre o termo streifen (riscar) e strafen (punir). Já na língua inglesa, stripe ( a risca do têxtil) organiza o verbo to stripe com o duplo sentido de despir e privar. Assim é natural que to strip off signifique riscar, barrar, excluir.
No latim de Ovídio e de Cícero, uma vez mais obsessivamente, encontramos a relação entre riscar e punir. Stria (risca, estria), striga (fila, linha, sulco), strigilis (ancinho, raspador) pertencem à família do verbo stringere ( apertar, riscar) que originou o verbo maravilhoso constringere, que significa aprisionar.
Enfim, este post pôs-me como o protagonista de um velhinho filme (1945) de Hitchcock, Spellbound ( A Casa Encantada): com fobia às listas e às riscas.
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