VAMOS AO QUE INTERESSA: No início desta semana Howard Dean foi capa simultaneamente da Time e da Newsweek. Este simples facto é uma demonstração cabal de que a sua candidatura está a ser cada vez mais levada a sério.
Dean tem tentado reinventar-se como um centrista contra o gun control e colocando nuances no seu discurso anti-guerra no Iraque (agora afirma que não é contra a utilização de tropas americanas em solo estrangeiro, apenas critica a opção estratégica de Bush de invadir o Iraque contra alguns aliados e algumas decisões tácticas posteriores). No actual estado das coisas é claramente pela manutenção dos americanos no Iraque (to clean the mess). Em suma, tenta adoptar uma postura presidenciável que não assuste os eleitores moderados, nomeadamente os do Midwest e Sul (que são normalmente decisivos nas eleições presidenciais americanas).
Resta saber se conseguirá desmentir a anedota que tem circulado pelos Estados Unidos: o candidato democrata preferido pelo establishment do Partido Democrata é Wesley Clark, pelos media é Hillary Clinton e pelos republicanos... Howard Dean.
Há, no entanto, alguns factores imponderáveis que podem ajudar a consolidar esta ascensão de Dean. Tem sido notável a forma como tem vindo a conseguir obter fundos através da Internet, mobilizando eleitores jovens e cidadãos normalmente desligados do processo político. O entusiasmo fervoroso que os seus ataques aos establishments republicano e democrata provocam. A notória raiva contra os republicanos e a Administração Bush, que colhe bem em largas franjas da população americana, num momento em que a política americana se torna cada vez mais dependente dos eleitores fiéis.
Todos estes factores podem revelar-se como muito favoráveis a Dean, numa altura em que há uma aparente predisposição dos eleitores para apoiar candidatos anti-sistema, como a eleição esmagadora de Schwarzenegger na Califórnia provou.
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