CADA VEZ MAIS PERTO:John Kerry ganhou as primárias no Tennessee e na Virginia por largas margens. Edwards terminou em 2º e Clark em 3º (quase empatados no caso do Tennessee).
Kerry prova assim que consegue ganhar no Sul. Apesar do estado da Virginia ser um estado sulista atípico - a sua parte norte (onde vive cerca de 25% da população do Estado) faz parte da área metropolitana de Washington, é urbana, com uma mini-Sillicon Valley, sendo menos conservadora e tradicional que o Sul profundo. Nesta área grande parte da população tem ligações militares (aí se situam a sede da CIA e muitas outras instalações militares relevantes), o que estranhamente não favoreceu Clark ( que deverá desistir amanhã, o que deverá beneficiar sobretudo Edwards que terá finalmente o seu um para um).
De qualquer forma, é uma enorme demonstração de força da parte de Kerry. Teimosamente, Dean e Edwards não pretendem desistir. Howard Dean saltou estas primárias e concentrou-se no Wisconsin, estado bastante esquerdista, onde haverá primárias a 17 de Fevereiro e onde Dean espera receber um empurrão que o salve da anunciada desistência. E a 2 de Março vem o grande prémio, com os estados grandes que elegem cerca de 1/3 dos delegados. Kerry, o homem da frente elegeu para já qualquer coisa como 550 a 600 delegados, mas necessita de mais de 2.100. Se a margem de manobra política começa a escassear, por falta de fundos e de apoios para os opositores de Kerry, há ainda muita margem matemática para alimentar esperanças. Sobretudo Edwards pode ser temível se ficar sozinho com Kerry na corrida.
Uma consequência óbvia desta disputa será o aumento das críticas entre os candidatos democratas - Dean, em desespero, já afirma em cima do palco que, ao mesmo tempo que os americanos devem enviar Bush para Crawford, Texas, há um certo senador que devia ser recambiado para Boston, Massachussets.
Depois de um período de queda de popularidade, os republicanos têm aqui uma oportunidade. Bush recomeçou a dar entrevistas em programas de grande audiência e a Casa Branca tenta matar à nascença uma polémica crescente sobre o serviço militar do Presidente, lançada por meios democratas para o contrastar com o heroísmo de guerra de Kerry.
Bush começou notoriamente mal o ano, com um discurso do Estado da Nação pouco empolgante e com a polémica sobre as ADM. Aos poucos começa a reagir. De qualquer modo, numa América dividida partidaria e ideologicamente quase a meio, aproximam-se meses de violento combate político.
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