DESINFORMAÇÃO: Leio, num dos meus blogs favoritos – Barnabé – um post onde muita é a parra e pouca é a uva. Este post ataca Fernando Negrão – presidente do Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT) - por este ter afirmado ser contra o uso da cannabis para fins médicos.
Daniel começa o seu argumento da seguinte forma: “Saberá Fernando Negrão que grande parte dos medicamentos são à base de drogas ilegais, quase todas bastante mais perigosas que a cannabis? Lembra-se da morfina, usada exactamente para doentes terminais?” Caro Daniel, nenhum medicamento é à base de drogas ilegais. Por certo queria dizer que tanto medicamentos como drogas ilegais têm, por vezes, a mesma origem (natural ou sintética). A morfina, por exemplo, não é um derivado da heroína, são sim ambos derivados do ópio.
A lição continua com a insinuação que Fernando Negrão devia estudar mais: “Se é por falta de estudo, tenho aqui 5 link para Negrão”. Meu caro, dos 5 links, 2 são relatórios parlamentares e só 3 artigos médicos. Mas como deve saber 3 estudos não são nada em medicina, nem reflectem nenhuma verdade. Tomei pois a liberdade de consultar por si 177 artigos médicos que têm como base a relação da cannabis com a dor (para os consultar, escreva cannabis and pain neste motor de busca médica). Aí ficará a saber que todos os resultados obtidos são preliminares, não havendo ainda nenhuma indicação clínica para a cannabis. Aprenderá também que o mito que a cannabis alivia a dor nos doentes terminais é uma falsa verdade. A morfina (ou mesmo a heroína, caso prefira) é muito superior à cannabis como analgésico. Além do mais, a cannabis tem uma imensidão de efeitos colaterais, como alterações do humor, taquicardia, hipotensão, alterações cognitivas, entre outras.
Concluo aconselhando o autor do referido post a ter mais cuidado com o que escreve, ou pelo menos que o faça tendo mais informação como base. Caso queira, podemos de uma forma desapaixonada discutir as indicações da cannabis na medicina. Quanto a mim, espero por mais estudos clínicos para que possa criar uma opinião cientificamente validada. Até lá, nunca aconselharei cannabis a nenhum doente. Não posso pois de deixar de dar razão ao Director do IPO de Lisboa – João Oliveira - que quando questionado sobre a utilização da cannabis para fins terapêuticos diz: “Temos medicamentos mais eficazes e substancialmente mais seguros".
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