ÓDIOS DE ESTIMAÇÃO: A forma como Miguel Sousa Tavares despeja fel sobre Santana Lopes, na sua crónica da passada 6ª Feira no Público, denota uma (ausência de) lucidez apenas presente (ausente) em MST quando se debruça sobre o futebol. Pelos vistos, também Santana lhe turva a visão, deixando-se apoderar por emoções fortes, a ponto de referir que se Santana for PR ele vai ter vergonha de ser português e que, prefere ser bielorrusso, apátrida, monárquico, anarquista ou qualquer outra coisa menos cidadão de uma república em que Santana seja PR.
Embora eu não tenha nada contra os ódios de estimação, esta crónica parece mais uma carta de uma namorada enganada do uma análise política. Uma coisa seria limitar-se a dizer que não gosta do gajo tout court, que Santana lhe fez isto ou aquilo ou que não passa de um imbecil. Outra coisa seria "desfazer" Santana apenas com base apenas em argumentos sérios. Coisa diferente é tentar mascarar um qualquer... espinho na carne (situação que ignoro em absoluto) com uma mistura de um único (e realmente importante) motivo válido - a falta de ideias ou de projecto político para o país por parte de Santana - com uma série de bocas e desabafos, mais adequados a conversas privadas de corte e costura e próprios de quem está magoado com algo. Como, por exemplo, a alegada falta de "curriculum" para o cargo - será inferior ao de Sampaio quando se candidatou pela primeira vez?
Culminando a sua crónica em beleza, MST apela desesperadamente à união dos socialistas em torno do general Guterres, para evitar a vitória de Santana. Parece-me o mesmo que confrontar os portugueses com uma escolha entre a morte por asfixia ou por estrangulamento.
No entanto, este apelo ao gelatinoso Guterres é também a mais bela declaração de ódio da imprensa portuguesa recente
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