FREITAS DO AMARAL: Tenho de confessar que é um pouco desgostoso que vou assistindo à triste figurinha de quem tão entusiasticamente apoiei em 1986 e até depois. É confrangedor ver tão ilustre jurista sempre em biquinhos dos pés e ouvir as suas declarações insensatas, tentando alcançar não sei bem o quê mas que todos sabemos não estar ao seu alcance. A última rezava assim: «(...) se a direita fosse muito inteligente ficaria muito honrada e orgulhosa de que um dos seus elementos fosse respeitado pela esquerda.» A frase é um monumento ao completo disparate.
Se a dissecarmos, ela começa por dizer que a direita não é muito inteligente, não é inteligente ou será mesmo burra; logo a seguir, integra-se FA nesse mesmo grupo por ele definido, afirmando-se ser um desses elementos de direita (coisa que me abstenho de comentar dentro das considerações anteriormente feitas pelo Professor); por fim, acha que a esquerda o respeita.
Não é bem assim; respeito não é realmente o melhor termo: a esquerda gosta de FA. Não o respeita: gosta. E gosta por motivos bem simples: é que as posições de FA têm-se aproximado das posições de esquerda e não há nada melhor para esta do que uma pessoa catalogada de direita andar por aí a arvorar as bandeiras vermelhas. Recordemos apenas que Mário Soares já apelidou FA de fascista; a FA, Álvaro Cunhal preferiu Mário Soares (a quem chamou na altura, delicadamente, “o sapo”, pedindo no entanto aos camaradas que o deglutissem).
Os epítetos eram injustos mas o que acontece agora é que FA aparenta-se com a esquerda, assume as suas posições, defende as suas ideias, escolta os seus interesse, adere aos seus programas, caminha as suas marchas.
A direita não o apoia? É claro que não. Mas não é por não ser muito inteligente: é por ter olhos na cara, que é quanto basta. Só mesmo FA é que pode achar que a direita não é inteligente mas isso é um problema dele e só dele.
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