INVERDADES: Primeiro foi o Francisco Louçã, agora é o Daniel Oliveira, do nosso mui estimado Barnabé (link directo só disponível na coluna da direita). E que nos diz o Daniel? Que "Hoje o Afeganistão produz nove vezes mais ópio do que antes da chegada dos americanos". Onde foi o Daniel buscar este número, não sei, ele não diz.
Eu em sede de geopolítica das drogas sou um frequentador da escola francesa: acho-a de uma forma geral mais isenta do que a americana, mais actualizada do que a inglesa. Por exemplo, Anne Coppel, Cristopher Luckett, Guy Delbrell, e Pierre-Arnaud Chouvy, este último autor de um excelente artigo publicado no Asia Times em Outubro de 2003, The ironies of Afghan opium production. Com os dados de J-P Chouvy e do departamento da ONU dedicado ao tema (UNDCP), os números e a cronologia que disponho são diferentes dos do Daniel.
Em Julho de 2001, o édito do Mullah Omar conseguiu de facto que a produção do ano seguinte fosse a mais baixa de sempre, desde que há registo do UNDCP: 185 toneladas. A colheita de 2002, pós-11/9, portanto, já atingiu as 2.500 toneladas. Mas o recorde dos últimos dos anos data de 1999, muito anterior "à chegada dos americanos": 4.600 toneladas.
Para se ser anti-Bush, não é preciso, caro Daniel Oliveira, ser-se anti-realidade. Antes pelo contrário.
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