O PERDÃO E O BASTÃO: Numa primeira versão do seu post, o nosso NMP tinha interpretado mal o meu (post) sobre o sargento finlandês, depois acertou o tiro: eu nunca pretendi glorificar o "civismo" de quem se autua a si próprio. Não viria a terreiro só por isto, evidentemente. De facto, a atitude do sargento finlandês prestou-se a comentários do género "eles é que são civilizados" ou "cá era impossível". Vale a pena acresecentar uma ou duas coisas.
Concebo a autoridade e o poder como válidas apenas no plano relacional, isso mesmo tento passar aos filhos: recordo-me da naturalidade com que o meu filho mais velho, na altura com 6 ou 7 anos, recebeu um primeiro pedido de desculpas meu. Dito de outro modo, a submissão à autoridade, e a parental é molecularmente idêntica à policial ou à docente (o contexto e as consequências é que são diferentes), necessita de um invólucro relacional, que a humaniza e lhe confere sentido. Este sentido, significado, se preferirem, assinala a relação da autoridade como algo que serve para construir, mais do que para resistir.
O polícia finlandês, ao multar-se a si próprio, exibiu uma concepção amputada da obediência às normas. Nada de fértil resulta da sua atitude, apenas a repetição abstracta do mecanismo regulador. Melhor seria que ele não se multasse, e passasse a perdoar a quem por exemplo, com cadastro rodoviário limpo, se não tivesse apercebido que a sua carta tinha caducado na semana anterior.
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