PAIXÃO DESTEMPERADA: O filme de Mel Gibson, como se previa, lançou a América num caos opinativo e de potencial divisão por motivos religiosos. Para dar uma ideia do grau de histeria e de loucura, a roçar o fanatismo, que por aqui vai, a Fox transmmite agora um debate em torno de uma igreja protestante que colocou um anúncio da rua, publicitando o sermão do dia, com a frase "os judeus mataram o Senhor Jesus". Há relatos de insultos e confrontos menores nas ruas entre grupos de jovens católicos que vão ver o filme e judeus em frente a sinagogas. O líder da Catholic League acusa um grupo de judeus furiosos de lhe partir o escritório. Acusações completamente descontroladas. Pode ser que isto seja apenas um aproveitamento mediático e de marketing (os pivots dos talk shows deixam as discussões alastrar até ao cheiro de recriminações e de sangue no ar se tornar insuportável). O ambiente está um pouco pesado.
Não sei se era esta a intenção de Gibson (ele desmente-a veementemente), mas convém recordar que em matéria religiosa o homem é barra pesada. É seguidor dos ensinamentos de Monsenhor Lefébvre (o outro seguidor desta seita de que me lembro foi um senhor que em Fátima quase deu uma facada no Papa).
Ainda não vi o filme pelo que qualquer opinião se basearia nesta cacofonia mediática. Assim, limito-me a recomendar que leiam o que o Nuno Guerreiro tem escrito sobre o assunto na Rua da Judiaria. Dá excelente conta do ambiente reinante por este lado do Atlântico, com a vantagem de já ter visto a obra.
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