RESPIRAR II: O José, do Anti-Direita Portuguesa (link na coluna da direita), o blogue mais estalinista-delirante que conheço ( e já aqui, noutras ocasiões expliquei porquê), faz um rasgado elogio ao Mar Salgado. E fá-lo, porque alegadamente nós não os censuramos "salazarentamente", ao contrário dos vários blogues de esquerda, que não o linkam nem o mencionam. Diz o Anti-Direita Portuguesa que nós, um "blogue direitista", damos dez a zero à esquerda blogosférica em matéria de liberdade de expressão. Passando a evidência que o Mar Salgado, por muito que custe a entrar no bestunto de alguns, é de facto plural, ou seja inclui todo o convencionalmente designado espectro ideológico, esta posição do Anti-Direita obriga-me a dizer uma ou duas coisas, na sequência do meu post anterior.
É-me indiferente, e falo por mim apenas, que um blogue como o referido nos elogie ( já elogiou em tempos o Muito Mentiroso),quanto à liberdade do que quer que seja ( dou-me aliás bem melhor com o ataque do que com a lisonja). Mas há um fundo de verdade no que o Anti-Direita protesta: o silêncio, como o insulto gratuito ( ou seja, sem sequer uma discussão substantiva associada) denota a incapacidade e a insegurança do actor face à dificuldade do texto. Na discussão política, cultural, filosófica, o espectro tem de facto de ser alargado até ao limite, pois só assim se pode ler todo o texto. A liberdade de expressão, em democracia, (pois pode haver liberdade de expressão no estado de natureza, por ex.) não existe para dar voz às teses compaixonadas ou aos raciocínios equilibrados e sublimes; a liberdade de expressão, em democracia, tem como função dar voz ao que nos incomoda e sobressalta.
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