ALMANAQUE DAS INTOXICAÇÕES XI: A propósito da recompensa oferecida pela DEA por informações sobre o paradeiro de Ismael "El Mayo"Zambado-Garcia, prometemos voltar ao tema dos carteis mexicanos.
Os esforços americanos sobre a contenção do tráfico nas Caraíbas e no sul da Flórida, obrigaram os carteis colombianos, no início dos anos 80, a aproveitar as estruturas mexicanas de tráfico de heroína e marijuana, estabelecidas ao longo da fronteira mexicana. O pioneiro foi o hondurenho Juan Ramon Matta-Ballesteros, que desenvolveu o cartel de Guadalajara. Já nos anos 90, o cartel de Cali passa a utilizar traficantes mexicanos, pagando-lhes de início em dinheiro, mais tarde oferecendo-lhes 30 a 50% do lucro de cada carga ( em Boeing's 727) de cocaína. Isto permitiu que os traficantes mexicanos passassem a estar envolvidos directamente na distribuição, o que os fez crescer até alcançarem o seu estatuto actual.
Carteis como o Arellano-Félix, o Amado Carrillo-Fuentes ou o Garcia-Abrego, dominavam no final do anos 90 os entrepostos de cocaína de Tijuana e Guadalajara. Hoje, é Zambada-Garcia quem a DEA considera que é o maior perigo, daí o lançamento da "Operação Trifecta" e a recompensa prometida.
Mas nos primórdios dos carteis mexicanos, em 1987, os EUA ensaiaram uma tentativa de matar a serpente no ovo boliviano: 2000 US$ por hectare de coca queimado. O que se passou foi que três anos depois, este preço tinha caído para um terço; o que levava os camponeses cocaleros sindicalizados do Chaparro a explicar que (nesse tempos) um kg de laranjas custava em Paris sete francos, enquanto que eles tinham de vender uma centena para obter cinco.
Segundillo Montevilla, dirigente sindical, avisava na altura que o que precisavam não era de helicópteros e metralhadoras, mas de um mercado para escoar os seus produtos, estradas, electricidade e escolas. Não o ouviram.
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