A ESQUERDA É TODA IGUAL: Tenho por bem que as pessoas devem assumir os seus erros, assumi-los pessoalmente, primeiro, e, em segundo lugar, se for caso disso ou se quiserem, fazê-lo publicamente. Por isso o faço aqui e agora: estava enganado. Redondamente enganado.
Durante anos pensei que a nossa esquerda, que a esquerda portuguesa era a pior de todas (com excepção, claro, do caso francês, onde até a direita parece de esquerda) e sem o mais pequeno sentido de Estado. Durante anos pensei que só a nossa esquerda - com o bloco a liderar mas não esquecendo os líderes socialistas que há uns anos afrontavam a lei e a ordem passando a ponte sobre o Tejo em total desrespeito pelas normas democráticas – era capaz de organizar situações como a que vimos hoje em Madrid. Afinal são todas iguais e não têm o menor pejo de se aproveitarem barbaramente das catástrofes para atingirem os seus fins, quaisquer que eles sejam, nem a mais pequena vergonha de violarem as normas democráticas, se isso lhes der jeito.
Aquela manifestação ilegal que vimos hoje, só a pensava possível cá, onde a nossa esquerda age de tal forma que quase que parece ter torcido por que um agente da GNR fosse ferido no Iraque, exultou quando uma jornalista foi ferida, acusando o Governo do facto, e sonha com um atentado no Euro 2004, se isso se converter em votos nas eleições. Exagero, muito provavelmente, mas quase que parece.
O que se passou em Espanha, repiso, só imaginava possível cá. O governo espanhol dirigiu as suas suspeitas iniciais contra a ETA? Muito provavelmente: é a história do pastor mentiroso ou a do cesteiro que faz um cesto. Deveria desconfiar de quem? Do IRA? Em dois dias o governo espanhol já apontou as baterias contra a Al Qaeda e deteve vários suspeitos. Deveria andar a fornecer informações preciosas sobre as investigações? Deveria ter sido mais rápido nas detenções? Deveria ter espantado a caça? Deveria ter sacrificado as suas investigações e a protecção do seu povo para tornar público o que deve ser secreto? Tenham juízo! Deparamo-nos com os piores criminosos de todos, com aqueles que não respeitam a vida humana, mesmo tratando-se de mulheres e crianças, e esse tipo de selvagens tem de ser tratado com bastante cuidado, não é tornando públicas as suspeitas durante uma investigação. É que mesmo que estejam eleições a decorrer, a segurança de um povo e de um país é muito mais importante do que os interesses políticos de alguns grupos partidários.
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