O HOMEM NÃO É FILÓSOFO, É BRUXO ! O nosso companheiro filósofo de longa jornada bloguística Américo, do imprescindível Retórica e Persuasão, deu a conhecer o seu 176º excerto de um livro não anunciado. Publicou-o no seu blogue no passado dia 10 de Março, na véspera dos atentados de Madrid. É de uma premonição tal, relativamente à discussão que se seguiu sobre os putativos autores do acto terrorista, que chega a ser arrepiante.
Mas para além dos factos e das verdades, o orador recorre também às chamadas presunções, que não apresentando a mesma garantia que aqueles, ainda assim, permitem fundar uma convicção razoável. Em certas situações retóricas serão mesmo um recurso argumentativo indispensável. Estão ligadas à experiência comum, ao senso comum, são elas que nos permitem orientar na vida. Fundam-se numa certa constatação estatística e assentam na convicção de que o que acontece habitualmente em cada situação de vida, é o normal. É neste contexto que poderemos, por exemplo, considerar as presunções de credibilidade natural, de ligação acto-pessoa e ad hominem, como praticamente omnipresentes em todas as situações retóricas. Com duas reservas, porém: primeiramente, a presunção tem sempre um carácter provisório, podendo vir a ser contraditada pelos factos; depois, como a noção de normal que está subjacente a toda a presunção é sempre mais ou menos ambígua, logo que sejam dados a conhecer os factos e a causa, a presunção pode vir a ser considerada não aplicável na ocorrência. Estaremos então perante uma tentativa de inverter a presunção que favorece a tese do adversário, tirando partido do efeito mais imediato de uma presunção, que é o de impor que sejam apresentadas provas àquele que se opõe à sua aplicação.
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