SOARES, ENCORE: O meu bom VLX anda encazinado com o bochechas, e, em certa medida, compreendo-o: Soares tem sido pouco polido, mas sobretudo demasiado rugoso, para alguém que não está directamente envolvido na bagarre política. Fantasiei sempre, que um Soares idoso e em boa forma, seria sobretudo um Catão-o-Velho, que na pena de Cícero, é para mim o ideal de velhice: sageza, desprendimento, boa-vida. Mas também uma ajuda inestimável na elaboração da memória colectiva de uma comunidade. Parece-me que Soares está mais a reescrever as suas memórias, fruto de uma necessidade de actualização de agenda, do que a contá-las aos seus netos, que somos todos nós.
Mas eu, no parapeito dos quarenta, aprendi, em alguns casos à força, que o passado contém uma vida própria, autónoma. E assim esqueço docemente as alergias do Soares de hoje. Quando o vejo ou ouço, resistente ao silêncio, recordo sempre o que lhe devo como anónimo habitante da politeia. E calo-me.
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