ALL APOLOGIES: Duas semanas sem postar foi uma nova experiência desde que este tamagoshi virtual tomou conta da minha vida há quase um ano. Por triste coincidência, estas duas semanas viram passar a data dos dez anos da morte do único músico rock de que fui verdadeiramente fã: Kurt Cobain.
Como o Pedro refere neste brilhante e comovente post, também eu recordo vivamente o dia em que ele morreu, ou melhor dito, saiu de cena em grande com a ajuda do seu céu da boca e de uma espingarda de canos serrados. O dia em que a MTV esteve ininterruptamente durante 24 horas aconselhando calma aos seus tele-espectadores, para não tentarem nada de parecido, nem desistirem da vida.
Continua também na minha memória íntima, como um dos pontos altos da minha existência, aquele 8 de Fevereiro de 2004 em que num Pavilhão do Dramático de Cascais a abarrotar tive o privilégio de ver e ouvir os mestres. Num cenário sobre-lotado - havia tanta gente cá fora como lá dentro - apenas a presença esmagadora dos Nirvana impediu um desastre e conduziu tanta energia à fruição da música.
A rebeldia inconsequente, a pureza estética sem concessões, a fúria eléctrica e a energia indomável dos Nirvana criaram a música mais explosiva que alguma vez nos foi dado ouvir. Depois de uma década de 80 que parecia condenar toda a música popular (sobretudo o rock) ao império do marketing e à colonização por critérios comerciais, os Nirvana de Cobain provaram que o rock ainda era o lugar da raiva e da energia criativa. Houve depois muitos clones e seguidores mas nenhuns com o talento para escrever canções com aquela beleza, simplicidade e tristeza. A audição do Nirvana Unplugged é a esse respeito reveladora. Por detrás dos instrumentos partidos, do stage diving, do uso e abuso das drogas de toda a espécie estão canções inigualáveis.
Deixei passar esta triste data sem a assinalar. Resta-me penitenciar-me citando as palavras do mestre:
What else should I be
All apologies
What else could I say
Everyone is gay
What else could I write
I don't have the right
What else should I be
All apologies
In the sun
In the sun I feel as one
In the sun
In the sun
I'm married
buried
I wish I was like you
Easily amused
Find my nest of salt
Everything is my fault
I'll take all the blame
Aqua seafoam shame
Sunburn with freezerburn
Choking on the ashes of her enemy
All in all is all we all are
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