ARREPIOS: Sentidos por Ricardo D. Felner - conforme nos conta na rubrica "Visto", do Público de ontem - pelo facto de Judite de Sousa, na RTP 1, ter referido "a nossa selecção..." numa peça sobre o Euro 2004. Segundo o autor, estamos perante uma "infelicidade jornalística" de índole patrioteira, em desrespeito pelas regras do jornalismo de referência, atendendo a que a RTP não se dirige apenas aos portugueses mas também aos imigrantes ucranianos, africanos, brasileiros, etc.
Penso que esta análise estaria correcta se tivesse por objecto o conteúdo de certas peças sobre o desempenho da selecção, nas quais se nota sempre uma certa falta de objectividade, nomeadamente, na análise das suas capacidades e do seu desempenho perante os adversários. Ou na forma como ainda hoje se refere sempre Figo como o melhor jogador do mundo, sempre que este é mencionado.
No entanto, perante o caso específico da "nossa selecção", parece-me que aquela análise é manifestamente exagerada, roçando o cúmulo do politicamente correcto. Mais ainda perante o argumento da RTP também se destinar aos imigrantes. Estes terão, naturalmente, direito ao seu espaço televisivo. Coisa diferente é exigir que uma televisão portuguesa destinada ao público português actue como se fosse a televisão da ONU. Trata-se, de facto, de uma referência à selecção portuguesa, na televisão portuguesa, por jornalistas portugueses, para um público português. Não me parece legítimo, nestas circunstâncias, exigir uma objectividade extrema no tratamento de representações nacionais que levaria a que as mesmas fossem mencionadas como se fossem representações de outro país qualquer. E muito menos na RTP.
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