É BEM VERDADE: O nosso PC sintetizou muito bem algo que já por vezes, de forma menos clara pretendi aqui expressar. Quando ocorreu o massacre do 11 de Setembro, fui beber uma cerveja com um amigo meu, que desfilou uma série de pecados praticados ou apadrinhados pelos americanos, repetindo a intervalos regulares "agora é que eles sabem o que é ter a guerra em casa". Para minha estupefacção, este meu amigo (compreendo agora depois de ter lido o excelente post - Rosca Moída do nosso PC) quis deixar de discutir um massacre bárbaro ( uma coisa de cada vez) preferindo repescar a História Universal ( outras coisas). O que ele pretendeu foi evidentemente, mostrar o telhado de vidro dos sevandijas norte-americanos. Ficou assim por discutir, nessa noite (ainda não tinha havido guerra do Iraque, que parece ser hoje, juntamente com a Palestina a causa de todos os males), a motivação do ataque: a incomodidade do Islão integrista face à homogeneização da cultura ocidental, desembaraçada da alternativa comunista, baseada na secularização e nos direitos dos homens, como explica Soroush. Ficou também por discutir, uma coisa de cada vez, a própria matriz do ataque: uma declaração de guerra por um não-estado, que foi ao mesmo tempo a guerra-em-si-mesmo, mas massacrando civis apenas, coisa que Hitler, relativamente à Inglaterra, só aceitou fazer depois de verificar que Churchill não cedia, e já no quadro de uma guerra instalada.
Esse meu amigo fez assim o que o nosso PC brilhantemente definiu como um artifício retórico, colocando-se na pele do Grande Julgador, justificando a pedrada de uns, pelos telhados de vidro de outros: de facto, acabei a noite a discutir Israel, Chile, Nicarágua, Pancho Villa, etc. Da próxima vez, já não me apanha.
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