BOCA CALADA: Para gáudio das televisões e dos jornais, parece que por aí há mais um daqueles processos que não nos abandonará tão cedo. Não o comento – seguramente por defeito profissional – porque acho que as questões jurídicas tratam-se nos tribunais, entre os Advogados e o Ministério Público, com os Juizes a avaliar. E porque as pessoas são inocentes até prova em contrário: no final se verá.
Mas o acontecimento não me deixa esquecer a responsabilidade daqueles que têm cargos de responsabilidade. Um advogado ou médico estão obrigados ao sigilo profissional; um magistrado também; aqueles que exercem cargos públicos igualmente, a todos os que exercem funções de importância crucial se exige um mínimo de segredo ou, para não se dizer mais, de decoro.
Há uns tempos atrás, certa pessoa que exerceu cargo importante na investigação criminal decidiu falar à vontade para jornais e revistas, televisão e rádio, sobre alguns assuntos de que tratava nas funções que exercia. Assuntos sérios, depreenderá qualquer leitor.
Essa pessoa, certamente movida por particulares (ou familiares...) ódiozinhos ao Governo ou a alguma Ministra, decidiu queixar-se das falhas das investigações que entendia deverem existir. Apontou até objectivos das investigações e culpados, embora de uma forma generalista e evasiva. Deixava subentendido (essa pessoa, ou alguém por ela em diversos noticiários) que o Governo pretendia abafar determinadas situações, que o Governo teria até sido particularmente escolhido e determinado com esse intuito sujo e torpe.
Hoje, depois de alguns desenvolvimentos, sabemos que assim não é, que tudo não passava de lixo para ser divulgado pela comunicação social (sempre favorável a estas coisas e a este tipo de pessoas), para afrontar o governo com intuitos políticos e para se vingar de determinadas situações.
Mas sabemos também que uma pessoa que faz alarde gratuito dos seus conhecimentos obtidos por via da sua função, que é de responsabilidade, não é pessoa de fiar. Podia até ter estragado qualquer investigação policial, queixando-se da sua não publicidade. E a questão é exactamente essa: uma pessoa que tem responsabilidades na investigação criminal não deve nem pode andar por aí a falar sobre aquilo que lhe apetece. Podia até ter prejudicado as investigações com as suas vaidosas declarações.
Eu não sei se as pessoas de que se fala praticaram alguma ilegalidade ou não: sei que nunca confiaria em Maria José Salgado. Ela agora diz que vai ficar de boca calada para não estragar as investigações mas, de qualquer maneira, agora é tarde: o mal, sobre a sua própria pessoa, está feito.
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