CASOS DE POLíCIA: Quem lê certa imprensa vê um conjunto de notícias segundo as quais o último caso de polícia enerva ou incomoda, constrange ou embaraça a coligação, nomeadamente o PSD, o que seria demonstrável pelo seu silêncio sobre o assunto.
Entendamo-nos: o silêncio não demonstra apoio nem falta dele. O que não se pode é pretender que, face a um inquérito judicial que afecta um dos seus, líderes responsáveis de partidos responsáveis venham para a rua gritar que tudo não passa de uma cabala, chamar palermas aos outros, organizar manifestações na Assembleia da República, denegrir o sistema judicial, ofender os magistrados, tecer considerações muito particulares sobre o segredo de justiça ou perderem-se em telefonemas para meio mundo a tentar resolver o assunto. Isso fica para os outros. Existe um problema judicial, o sistema judicial que o resolva.
Uma segunda questão sobre o assunto, a que aqui já aludi. Todos tecem encómios a Maria José Morgado: continuo sem perceber porquê. Para mim, continua a ser uma pessoa que, julgando-se ofendida, não hesita em revelar investigações de que terá tomado parte, julgando-as erradamente terminadas. Não passa de uma pessoa que, tendo assumido cargos de responsabilidade, não hesita em falar dos casos de que tomou conhecimento nas páginas dos jornais ou revistas. Não passa de pessoa que podia ter estragado as investigações com as suas declarações. Não passa de pessoa em quem não se pode confiar para cargos de responsabilidade: até como cozinheira do pior hotel pois poderia vir para a rua revelar o verdadeiro segredo da santola à macaense.
Uma terceira questão sobre o assunto. Tenho visto pessoas inteligentes gabarem a juiz encarregue deste caso por não aplicar a prisão preventiva (por oposição ao caso da Casa Pia, criticando implicitamente o que se passa nesse processo). Que os jornalistas o façam, a coisa não espanta. Mas a juristas eméritos isso já não se pode aceitar: um eventual caso de tráfico de influências não é comparável com a violação de menores, para efeitos de decidir aplicar (ou não) a prisão preventiva. Outras medidas podem ser aplicadas e não estão em risco crianças. Não me alargo muito sobre o assunto porque outros, aqui, poderiam desenvolvê-lo muito melhor do que eu, e em termos mais científicos. Mas parece-me isto evidente.
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