DIVERSÕES IV: Temos de ser sinceros, esta semana, em termos de humor, o Saramago meteu o Herman num chinelo. Julgo que não foi propositado; tudo terá começado por causa dos jornalistas, que pensaram que o tal de voto em branco era uma coisa contra o governo da coligação. Não lhes passou pela cabeça, aos pobres dos jornalistas, que aquilo não passasse de uma obra de ficção e, ainda para mais, pouco actual – julgaram que era contra o governo e, vai daí, toca a divulgar! Eu já tinha visto, há tempos, o António Costa a agitar jornais na Assembleia da República e a indagar o Governo por causa das notícias que lá vinham, sem cuidar de saber se eram verdade, sem se aperceber do ridículo. Mas livros? Obras de ficção? Ainda não tinha visto tornarem-se em casos políticos deste tamanho. Daí ter achado delicioso ter ouvido inúmeros políticos, da esquerda à direita, a pronunciarem-se politicamente sobre uma obra de ficção. Só em Portugal... Mas o melhor é que o tal de voto em branco foi promovido e afecta principalmente a esquerda, o que é de um sabor requintadíssimo! E então foi ver o Soares, o Carvalhas, desesperados a combater o voto em branco, o Fernando Rosas a escrever um complicado artigo no Público... enfim: de entre todos os tiros nos pés a que já assisti, este foi dos melhores.
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