HÁ QUE DIZÊ-LO COM FRONTALIDADE: Tenho seguido com interesse a cruzada da Bomba Inteligente, secundada por vários blogues, para a erradicação de certas palavras ou expressões. Mas, nos idiomas como no corpo humano ou nas ideias, nem sempre é fácil distinguir a patologia da fisiologia. Há de tudo: erros (o inigualável "há-des"), usos incorrectos (o "portanto" no início de uma frase, quando ainda não se formulou ideia alguma), expressões que soam mal ("a nível de" e "no capítulo de", sobretudo quando aplicadas às lesões dos futebolistas, tipo: "no capítulo dos ligamentos, o Nuno Gomes não é muito forte") e as embirrações pessoais, mais ou menos susceptíveis de partilha por um número maior ou menor de indivíduos que orbitam na mesma esfera cultural (esta é forte candidata ao index).
As últimas, sendo embora inteiramente legítimas (o 25 de Abril também se fez para isso), não devem ser alvo da mesma fúria inquisitorial, com pretensões de regra objectiva, que justamente persegue as restantes. São como, sei lá (também gosto desta), o jeito excessivamente simpático do Carlos Pinto Coelho ou a Barbra Streisand (em qualquer das suas dimensões).
Pessoalmente, embirro com o uso despropositado de expressões estrangeiras, sobretudo (é o ar do tempo) anglo-americanas. Não me refiro, evidentemente, às expressões intraduzíveis (não é possível traduzir it's raining cats and dogs sem se ser muito, mas muito, malcriado), nem sequer àquelas que, traduzidas, perdem por completo o significado que lhes é dado pelo contexto (não é possível traduzir o I have a cunning plan do Baldrick). Falo das expressões comuns, que macdonaldizam gratuitamente a comunicação, como thanks for that, you know what I mean (com a honrosa excepção do Octávio Machado), that's it, full stop, à la longue, Ersatz, one to go, etc. (aceitam-se contribuições para aumentar a lista). Claro, são só gostos, e gostos...
That's all, folks.
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