JÁ CONHECEU MELHORES TEMPOS: Vasco Pulido Valente passa por uma crise permanente ou então anda atarefado com algum ensaio sobre João Franco. Certo é que já escreveu menos, mas melhor. O texto de hoje sobre o Bloco de Esquerda parece um texto ( como este) feito em cima do joelho num qualquer blogue (como este). É estafada a tese segundo a qual o BE constitui um alegre grupinho sensível às causas da moda, com uma existência política virtual.
Desde logo porque valendo eleitoralmente, já de há alguns anos para cá, cerca de 4%, o grupinho extravasou de há muito o Frágil, o Gigi, e a Universidade Nova de Lisboa. Depois, porque a estes 4%, acrescente-se a influência dos seus proselitos em muitos media de referência, não tanto na direcção dos mesmos, ou nas crónicas televisivas semanais, (como o BE não se cansa de sublinhar), mas noutros terrenos: na agenda dos temas, no estilo de abordagem, na selecção e promoção de personagens, organizações e eventos ( veja-se a depressão em algumas redacções, motivada pelo flop da última manifestação anti-guerra do Iraque, depressão essa que se traduziu por um pesado silêncio no day after). Pelos idos de 1996, Álvaro Cunhal dizia-me que o PCP não conseguia fazer passar a mensagem não porque estivesse desactualizado, mas porque os media não se interessavam pelo partido, dado que estavam nas mãos dos lobies. Ele lá sabia.
No ensino, o BE têm uma presença pujante, reciclando ex-estalinistas e pós-analfabetos, unindo-os no ódio da moda: globalização=capitalismo=USA. Muitos departamentos universitários, na área das ciências sociais, são completamente infrequentáveis por quem não professe a cartilha.
Parece-me pois, que VPV anda distraído.
PS: De resto, a tendência do BE é para crescer: moles imensas de ignorantes estudantes universitários são muito mais depressa atraídos pela aura de cultura e cosmopolitismo que exala um Miguel Portas, uma Ana Drago ou um Fernando Rosas, do que pelas mãos calejadas e modos rudes de um Jerónimo de Sousa ou pelos telhados de vidro e pelo sotaque de velha beirã de um Carlos Carvalhas. Isto, adicionado ao folclore adolescencial-populista convenientemente mediatizado, obrigará VPV a rever em breve as sua teses.
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