UMA ASSINATURA E UMA DIVAGAÇÃO: Assino por baixo, o último e extenso parágrafo do artigo de hoje de António Barreto. Por isso, embora sedutora, sempre me pareceu torcida a fórmula de Eduardo Lourenço, a esquerda é o lugar sobrenatural do homem. Para E. Lourenço, a direita seria o lugar natural, o lugar da defesa do privilégio, do que está, do que é naturalmente bom de manter, da triste realidade. Mas a esquerda como lugar sobrenatural, ou seja significando o salto para lá da nossa freudiana e hobbesiana condição de bestas, colide com o optimismo antropológico de Rosseau. Na Dernière Réponse incluida no Discours sur les sciences et les arts, Rousseau diz que se os primeiros homens se tornaram maus, as Ciências tornaram-nos piores. Se, pois Rosseau reafirma a sua crença original: o homem é bom por natureza. Ora, se é bom naturalmente, não necessita de saltos para o sobrenatural. O que me faz crer que Lourenço não acredita lá muito em Rosseau.
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