CECI N'EST PAS UNE PIPE: O livrinho de Foucault com ilustrações de René Magritte, hei-de oferecê-lo ( se já o tem, ficará com dois) um dia destes ao meu caro JMF do Terras do Nunca (link directo só disponível na coluna da direita). A propósito do meu post sobre a série negra de perseguições, prisões e agressões a jornalistas na Venezuela, e sobre o silêncio dos seus colegas portugueses, que me diz o JMF?
Primeiro qualifica-me como um pândego ( é sempre mais suave para comigo, do que para com outros bloggers a quem resolve açoitar) que definiu a Venezuela como uma ditadura, depois que vejo o mundo a preto e branco. Quem ler o meu post não encontra a definição da Venezuela como uma ditadura, embora o JMF tenha estabelecido um novo padrão em teoria política: se um líder for eleito democráticamente ( como Hitler) o regime nunca descamba. Mas o mais estranho, como bem me lembra um leitor, é que foi o JMF que proclamou no seu blogue que o "indignam" muito mais os actos de tortura, e violência "cometidos em democracia" do que os "cometidos em ditadura". Pois então indigne-se à vontade já que Chávez foi eleito democráticamente.
O essencial é que JMF não aborda nada do que escrevi sustentado na Human Rights Watch e na Reporters sans Frontiéres: a lei da rolha que proíbe críticas a Chávez nos media, a violência sobre os jornalistas. O que me leva a pensar que a utilização desta táctica velha e relha se deve ao facto o meu post o ter incomodado; acusou o toque, mas como o texto não era "sobre Cuba a propósito do Iraque" atrapalhou-se ligeiramente no açoite. O meu objectivo foi atingido : expôr, ainda que ligeiramente, a situação venezuelana no que respeita à liberdade de imprensa, e o absoluto desinteresse da esmagadora maioria dos jornalistas portugueses pela sorte dos seus colegas venezuelanos .
A discussão fica por aqui já que o JMF me mandou ler ( está a tornar-se uma mania, isto de me mandarem ler coisas) a Economist, condição essencial "para talvez um dia falarmos": eternamente agradecido pela magnanimidade educacional do JMF, farei os possíveis por preencher os pré-requisitos. Em retribuição, sobre o mundo a preto a branco, um pedacinho do livrinho de Foucault & Magritte, sobre o par corps/rideau:
" Ce qui est à droite est à gauche, ce qui est à gauche est à droite; ce qui est caché ici est visible là; ce qui est découpé est en relief; ce qui est plaqué s'étend au loin".
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