HÁ JÁ ALGUM TEMPO que a Poesia (sobretudo a de motivos marítimos) não marca presença de nesta nau. Para que o mar não se torne definitivamete agreste está na hora de A fazer voltar, escutando os Murmúrios do Mar que, se não me engano, é da autoria de um dos nossos companheiros secretos da blogosfera:
"Paga-me um café e conto-te
a minha vida"
o inverno avançava
nessa tarde em que te ouvi
assaltado por dores
o céu quebrava-se aos disparos
de uma criança muito assustada
que corria
o vento batia-lhe no rosto com violência
a infância inteira
disso me lembro
outra noite cortaste o sono da casa
com frio e medo
apagavas cigarros nas palmas das mãos
e os que te viam choravam
mas tu, não, nunca choraste
por amores que se perdem
os naufrágios são belos
sentimo-nos tão vivos entre as ilhas, acreditas ?
E temos saudades desse mar
que derruba primeiro no nosso corpo
tudo o que seremos depois
"pago-te um café se me contares
o teu amor"
José Tolentino Mendonça, A Que distância Deixaste o Coração(1998)
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.