IMPRENSA LIVRE II: Olha outro exemplo de liberdade de imprensa na página ao lado! Agora referente ao epíteto de fascista, com considerações alusivas às festividades. Aqui vai:
“Mas o que se ouviu no estádio da Fundação Nacional Alegria no Trabalho (FNAT), para onde confluíram em Lisboa os manifestantes do 1º de Maio (...). (...) Ouviram-se logo gritos de «Cunhal ao Governo». O 25 de Abril ficou com dono nesse dia. (...) As cadeias encheram-se. No dia 25 de Abril havia nos cárceres da metrópole uma centena de presos políticos. Um ano depois, em 1975, havia dois mil, (...).
Em Portugal houve sempre uma sociedade civil separada do Estado. Os advogados, médicos e empresários que subscreviam os abaixo-assinados da oposição eram a prova de que se podia ganhar a vida e fazer carreira em oposição ao regime. Havia jornais, editoras, associações e escolas dirigidas por oposicionistas declarados. (...)
Nas eleições desse ano [1969, Mário Soares] recusou submeter-se à frente eleitoral patrocinada pelo PCP, e viu-se por isso caluniado como «divisionista», «traidor» e «amigo de Caetano». No exílio arranjaram gente para ir bagunçar as aulas que dava em Paris. (...)
Quando Soares reconheceu, no 1º de Maio de 1974, as «vítimas» do PCP, admitiu que, na hierarquia do antifascismo, o PCP estava em primeiro lugar. Por isso, a Cunhal nunca passou pela cabeça tratar Soares como igual. No 1º de Maio de 1975 Soares já não teve licença para falar. (...)
Criou-se o hábito de tratar os «excessos» do PREC com alguma benevolência. (...) Manteve-se gente presa sem culpa formada, proibiram-se partidos políticos, suspenderam-se jornais – tudo em nome do combate ao «fascismo». Nas prisões, praticou-se alegremente aquilo que depois se designou por «sevícias», não fosse pensar-se que a tortura de presos políticos tinha, afinal, continuado a ser praticada no «Portugal livre». (...)”
Estes trechos pertencem a Rui Ramos e o texto integral pode ler-se no Independente de 30 de Abril de 2004, páginas 14 e 15. Antes da esquerda democrática e adepta da liberdade de expressão começar a atirar pedras por aí abaixo, recorde-se que este humilde mensageiro apenas faz o que a esquerda apregoa tanto: é preciso dar a conhecer o 25/4 aos mais novos para que eles saibam o que foi. Como eu não devo saber muito bem o que foi, socorro-me do texto dos outros e divulgo-os em nome da liberdade.
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