TRÓIA: Neste novo épico de Hollywood Wolfgang Petersen tenta o impossível, ao encaixar a guerra de Tróia numa hora e meia de filme. O resultado é uma má e insuficiente adaptação deste mito onde não se percebe bem a razão de ser de tudo aquilo. Quem o vê resume o filme a um rapto de uma bela mulher (Helena) por um jovem príncipe inconsciente (Páris), acabando na destruição de uma cidade (Tróia) às mão de um exército comandado por um homem ambicioso (Agamémnon) e onde combatia o maior guerreiro da época (Aquiles).
Mas em qualquer conto da mitologia grega o visível tem que ser compreendido através do invisível, e as coisas terrenas têm sempre explicação divina. A omissão destes factos torna o filme irracional, desconexo e sem suporte. Disto é exemplo a forma como no filme se explica o rapto de Helena por Páris, atribuindo-o a uma paixão entre 2 jovens amantes (não se podendo sequer falar em rapto, mas sim numa fuga consentida de Helena!)
A história contada por Homero na Ilíada é muito mais rica, e o enredo inicia-se muito antes de qualquer rapto, mais precisamente por ocasião do casamento do rei Peleu com a ninfa Tétis. A esse faustoso casamento compareceram todas as divindades com excepção de Éris, a deusa da discórdia, que irritadíssima por não ter sido convidada decide lançar a confusão, fazendo rolar uma maça dourada com a inscrição "para a mais bela" no salão onde estava a decorrer a festa.
É claro que tal maça provocou a ambição de todas as mulheres presentes, mas no final só as 3 mais belas, Afrodite (Vénus), Hera (Juno) e Atena (Minerva) se mantinham na contenda. Pediram então a Zeus que servisse de juiz, pedido que foi de imediato declinado (decisão inteligente, pois isto de escolher uma entre as mais belas tem muito que se diga...), tendo no entanto nomeado em sua substituição o jovem Páris (filho do rei de Tróia), conhecido por ser um óptimo apreciador da beleza feminina. Páris vivia com a ninfa Enona no monte Ida, para onde tinha sido exilado pelo próprio pai (Príamo) pois este tinha sido avisado que Páris um dia havia de ser a ruína de Tróia.
Quando foi confrontado com a necessidade de decidir qual a mais bela optou por ser mais sensível aos subornos apresentados pelas Deusas do que ligar à beleza propriamente dita. Hera prometeu fazer dele senhor da Europa e da Ásia, Atena prometeu-lhe a chefia dos Troianos no momento da vitória sobre os gregos, enquanto Afrodite simplesmente lhe ofereceu a possibilidade de possuir a mulher mais bela do mundo. O jovem rapaz, na sua condição de ser mortal e fraco escolheu com o coração e aceitou o suborno de Afrodite, entregando-lhe a maça dourada.
Foi esta decisão, conhecida como "a sentença de Páris", que permitiu que o príncipe de Tróia fosse ao encontro de Helena e a raptasse.
E assim começa uma das mais belas histórias já contadas!!
Meu caro TRM, como nao e so vossa excelencia que tem actividades congressisticas, aqui vai um abraco algarvio do seu dedicado leitor em pleno gozo de coffe-break... Boa ideia esta dos comments! Um abraco, Ze Ricardo Aguilar
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