UM PEQUENO EXEMPLO: Não são muitos os livros publicados em Portugal dedicados exclusivamente à tortura. A Ed. Inquérito editou em Dezembro de 2001 "Tortura: na política e na religião, da Antiguidade aos nosss dias", da autoria de Brian Innes. Neste livrinho de 226 páginas, da tortura praticada pela Inquisição ( as Inquisições seria mais correcto), pela Inglaterra colonial, pelos franceses na Argélia, pela América dos anos 30, até à praticada pelos ingleses sobre os militantes do IRA, toda está abundantemente documentada. No final do livro (pp217) o autor refere que a lavagem ao cérebro foi "praticada na Rússia, tanto czarista como soviética": assim mesmo, uma linha. Depois uma página ( pp218) para referir os métodos chineses.
Os regimes torcionários do Leste que "qualquer pessoa intelectualmente séria reconhecia como tal desde 68" ( a acreditar muito divertidamente na tese revisionista do nosso leitor Miguel Montenegro), não merecem mais do que uma linha, e mesmo assim sob a designação "Rússia" e em paralelo com o regime dos czares. Quanto a Cuba, este original de 2001, não lhe dedica um parágrafo, um nome de um carrasco, de uma prisão, de um método, nada.
É claro que me dirão que este livro é excepcionalmente sectário, e não representa a indulgência vergonhosa de muita "gente intelectualmente séria" nos meios "intelectuais" ocidentais. Claro.
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