CANÍCULA: Os sons são variações dos perfumes, como diz o Pedro Rosa Mendes, na Baía dos Tigres, e neste Estio de canícula - constelação dos romanos - é bem capaz de ser assim. Não se pode estar à varanda em silêncio, os humanos também estão, e falam, riem, dizem asneiras, obrigam-nos a ouvir. Pode sentir-se-lhes o cheiro, das batatas fritas, dos churrascos, do cigarro, das melodias manhosas. Em Janeiro, da varanda, vê-se chuva e janelas fechadas, o que eles fazem, guardam para si. Fornicam como os gatos desse mês, mas com menos elegância e mais brevidade, ralham, comem, matam a sogra,é lá com eles e somos poupados.
O Inverno é decente como um tipo com cancro. As noites de Junho são um curso acelerado de tolerância pela espécie.
"Posto" comentário anónima pq o meu pc resolveu ter crises existenciais e bloquear ao mínimo pretexto. Dominada pela tecnologia, só anónima consigo dar um ar de mim. Ó infelicidade. Mas antes anónima com comentário, que conhecida por nada dizer. Gostei do post. Mas, antes de suportar a janela do outro... que tal tentar adivinhar o que o outro suporta pela nossa janela? O sentido dessa tolerância de que fala não resulta da partilha necessária de um espaço comum? Que seriamos de nós sem os outros? Por muito que isso, por vezes, estique o nosso limite do tolerável? ;)
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