NASCEU, MORREU, E PELO MEIO, NADA: Este texto não é sobre combate político, nem sobre miseráveis querelas bloguísticas. É sobre respeito.
O Acidental escreve que lamenta a morte trágica do Prof. Sousa Franco, respeita a sua memória e, por isso, removeu todos os textos a ele referentes, os quais, ainda de acordo com os autores, escritos embora sem violar as regras da ética e da boa-educação, deixaram de fazer qualquer sentido neste momento.
É, a meu ver, uma decisão profundamente infeliz.
Admito que tenha sido animada das melhores intenções, mas resulta, objectivamente, na última desconsideração ao político: a memória dos homens públicos também se faz dos textos que os criticaram.
O Acidental é agora uma pequena parcela do mundo onde Sousa Franco estava, embora através de uma perspectiva nada elogiosa, e deixou de estar, pelo simples facto de ter falecido. Do mesmo passo, os autores retiram ao auditório a possibilidade de saber o que disseram de Sousa Franco, impedindo-o, doravante, de formar a sua opinião acerca da justeza das críticas que lhe haviam dirigido.
A não ser que O Acidental considere que, de facto, os textos que publicou nem sempre se contiveram nos limites da ética e da boa educação, parecendo agora chocantes quando referidos a um morto. Mas mesmo que assim fosse. Hoje, mais do que nunca, haveria que ter a coragem e a humildade de os manter.
Esta é a minha homenagem ao Prof. António Sousa Franco.
Não, não é vergonha do que foi dito. É sim uma forma de homenagem como tantas outras que foram feitas. Nada do que foi dito no Acidental foi leviano. O tom foi jocoso, porque é esse o tom do blog. Mais refiro que, tal como acontece com qualquer outra pessoa, respeito a morte do homem. Rezei por ele uma Avé-Maria, como por tantos outros defuntos. Mas tem razão quando diz que a morte não apaga a vida. E na vida de Sousa Franco mais imediata, o eminente professor não se portou bem. A campanha que fez foi vergonhosa, baseando-se no insulto fácil e na demagogia saloia. E infeliz também aqueles que, aproveitando-se de um momento de dor, criticam uma opção de outro blog. Talvez nos devessemos todos curvar perante um homem que morreu (embora não perante o político,até porque esse deixou de existir). Que a sua alma descanse em paz! E que Deus o continue a proteger!
Pois, meu caro PC, mas foi a nossa decisão no dia em que o homem morreu. Não nos apetecia abrir a página e deparar com críticas à acção política dele, pareciam-nos absolutamente despropositadas no actual contexto. Não fomos como alguns abutres que, depois de o terem trucidado nos respectivos blogues, desataram agora a descobrir as inúmeras qualidades do professor, quase que o tratando como um santo. Nós preferimos o silêncio. Já o PC prefere escrever sobre o assunto com um tom vagamente moralista que não lhe fica mesmo nada bem. Mas, enfim, cada um sabe de si.
PPM, se ler bem o meu post, verá que eu nunca pus em causa as vossas intenções. Acho, continuo a achar, que foi uma decisão infeliz. Por outro lado, não se deve confundir a crítica a uma decisão moral alheia com "moralismo". E, exactamente: cada um sabe de si. O importante é que nos deitemos, todas as noites, com a consciência de que tomámos as boas decisões. PC
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