O SISTEMA: Já por diversas vezes escrevi sobre a urgente necessidade de se reformular o sistema eleitoral vigente, por ser desajustado da realidade e, por via disso mesmo, promover o alheamento dos cidadãos da política. Por um lado, prevê-se a votação em partidos quando toda a gente sabe que se vota no líder de determinado partido. Por outro lado, à boleia do líder e de meia dúzia de nomes mais sonantes, são eleitos dezenas de deputados que ninguém conhece e que nunca serão sufragados (nem responsabilizados pela sua actuação) senão, eventualmente, pelo próprio partido em que se inserem. Penso que o sistema deveria evoluir para uma solução mista, que combinasse o sufrágio dos projectos apresentados pelos partidos com o escrutínio de pessoas de "carne e osso", que não apenas o líder.
No entanto, goste-se ou não, o sistema existe tal como está e prevê a votação em partidos políticos, e não em líderes. Se é preciso mudá-lo pois seja. Mas, ao contrário do inacreditável depoimento de Freitas do Amaral, parece-me que um dos sustentáculos da democracia é que se respeitem as regras do jogo democrático. O sistema que existe pode ser mau é o que existe e aquele que deve ser respeitado enquanto vigente. O argumento de que o PR deve convocar eleições antecipadas pelo facto das pessoas terem votado num líder que se demitiu, é um argumento que serve para fundamentar alterações ao sistema. Mas nunca para subverter as regras vigentes e que, enquanto vigentes, devem enquadrar a decisão do PR. Para que não restem dúvidas sobre o acima exposto, o PR pode convocar eleições antecipadas desde que decida dentro do enquadramento vigente. E não com base num enquadramento desejável.
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