OS PEIXES DO MAR SALGADO - Nº 1: A RÉMORA: Era, até hoje, uma falha imperdoável não se encontrar aqui informação sobre os nossos amigos de guelras, que, como se sabe, nos rodeiam por todos os lados.
Assim, o Mar Salgado tem o orgulho de anunciar, em primeira mão, que passará a conter uma secção dedicada aos peixes, aberta a todos quantos queiram contribuir para um melhor conhecimento da etiologia desses seres maravilhosos.
O peixe de hoje é a Rémora (Echeneis Naucrates - Lin. 1758), também conhecida por Pegador (assim se lhe refere, p. ex. o Pe. António Vieira), Agarrador, Peixe Piolho, Live Sharksucker ou Slender Suckerfish. Sem embargo, na Malásia, insistem em chamar-lhe Gemi-Gemi, por razões só deles conhecidas (nomes comuns noutras línguas aqui).
O seu habitat natural é bastante extenso; no que ao nosso País diz respeito, encontram-se com facilidade nas águas açorianas e, mais raramente, é possível avistar alguns exemplares a subir o Cais das Colunas, a coberto da noite, em direcção ao Terreiro do Paço.
Como podem verificar pela foto que graciosamente linkamos aqui, a rémora, ao invés dos outros peixes, tem um aspecto luzidio e as riscas longitudinais dão-lhe o ar distinto de quem está sempre vestido para um cocktail ou recepção.
O que talvez já não saibam é que o nome Rémora vem do latim remoramen, remoraminis, que significa atraso, impedimento, porquanto se acreditava que estes simpáticos peixes atrasavam o andamento dos barcos ao colarem-se ao respectivo casco. Com efeito, a particularidade da Rémora, que nos traz aqui hoje, é a sua famigerada ventosa dorsal, que lhe permite aderir aos navios, mas também a cetáceos e peixes de grande porte, entre os quais se contam o tubarão e o mero. Quando ainda é jovem, adere com facilidade a peixes de tamanho mais modesto, como a corvina e o cherne.
Uma vez colada ao hospedeiro, não mais o larga até encontrar alimento ou outro hospedeiro mais conveniente. De nada serve ao "senhorio" procurar libertar-se dela, pois não consegue chegar-lhe com a boca nem sacudi-la com a velocidade, dada a prodigiosa tenacidade da ventosa. Daí o velho ditado chinês "a rémora, não o cherne que a leva, diz quando acaba a viagem".
E pronto. Assim termina o primeiro post da série "Os peixes do Mar Salgado", que, muito provavelmente, continuará em breve com um post sobre o peixe-palhaço.
O sermão aos peixes é bastamente rico em referências piscícolas... mas podemos passar para além da ictiofauna. porque não referirmos o polvo, a lapa, quiçá a alforreca? ;)
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