A BICLA (memórias de um sportsman em férias) VII: O dia seguinte é que foi perfeitamente horroroso: o odioso maquinismo escarrapachado no guiador (no norte, guiaduare) mostra as horas, o tempo de um passeio, os quilómetros percorridos durante o passeio e os totais, seja lá o que isso for. Admito que talvez não tenha ainda percorrido 400 quilómetros pelo que devo assumir como certo que a bicla tenha andado 400 metros (foi, certamente, o homem da loja quando me foi levar a bicla ao carro. Eu bem lhe disse que ele não estava perto). Bem, o que interessa é que ninguém iria acreditar que a pilha do aparelho já estivesse gasta, e muito menos que eu fosse capaz de percorrer 400 metros saindo todos os dias uma boa meia-hora durante mês e meio. Ainda tentei fazer as contas mas atingi uma média horária que não comportava certamente o equilíbrio em cima de uma bicicleta, mesmo que com rodinhas. O resultado deste infeliz episódio foi que tive de passar uma boa parte do dia a aumentar a quilometragem.
Se a bicla era para fazer exercício, também já era chegada a hora de suar um bocadinho. Arregacei as mangas, virei a bicicleta ao contrário (a propósito, uma vez mais tive a feliz percepção das vantagens do meu selim: outro qualquer não sustentaria a bicla de rodas para o ar. Pois o meu dava-lhe uma base de apoio tal que me vi grego para a pôr direita outra vez...) e toca a fazer girar a roda para fazer quilómetros (claro que pus um paninho no chão para não sujar o selim).
Aproveitei também para tirar os autocolantes dos pneumáticos. Qualquer tipo mais observador poderia ser levado a pensar que a bicla nunca tinha passeado na rua. E queimei com o cigarro os pelinhos de borracha que todos os pneus novos trazem. Que trabalheira!
(cont.)
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