NO COMBOIO DESCENDENTE da música popular portuguesa têm vindo a desaparecer as grandes figuras, as referências dominantes. Zeca Afonso foi certamente o nome mais importante da música portuguesa na década de 60 e 70, tal como na minha opinião, se bem que a uma escala menor, os anos 80 e inícios dos 90 foram marcados idelevelmente pelo contributo do Pedro Ayres Magalhães.
Provavelmente este apagamento de figuras tutelares é sintoma de um amadurecimento, alargamento e atomização do mercado, quer em género musical quer em número de autores. Como sintoma de maior liberdade de escolha, é num certo sentido uma evolução positiva.
Mas todos os que gostamos de música portuguesa, somos "filhos da madrugada", credores de um respeito e admiração infinita por quem, como Zec Afonso revolucionou a música popular portuguesa, do fado de Coimbra até à urbanização e modernizaçõ dos temas da música tradicional portuguesa.
Algumas das suas composições eram algo datadas (sobretudo as que têm letras mais políticas), mas a verdade é que a grande maioria das obras do Zeca atingiram aquele estado de eternidade apenas ao alcance das obras superiores. E isso é mais que suficiente para nos inclinarmos perante a sua memória.
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